sexta-feira, 16 de novembro de 2018

ACERVO DOCUMENTAL DA IGREJA DA MADRE DE DEUS

Acervo Documental da Igreja da Madre de Deus




1 – Livro do século XIX, do ano de 1871, Livro com óbitos de crianças de mulheres escravas, nascidas após a Lei do Ventre Livre, sem a encadernação original, contém informações primárias , pertencente a Igreja Madre de Deus . Nº Lab. XXXX, Medidas: 33x24.

2 – Livro do século XIX, de 1851 a 1872. Livro de Batizados da Madre de Deus. Livro n.28, p.30,  Medidas: 54x36.

“Aos trinta e um de maio de mil oitocentos e sessenta e quatro na Igreja Madre de Deus, filial desta Freguesia do Corpo Santo, de minha licença o Reverendo Coadjutor Antônio Manoel D’Assumpção batizou solenemente Maria, crioula, forra na pia batismal por seu senhor Joaquim de Souza Pinto, por ter recebido de diversas pessoas a quantia de total de cem mil reis, nascida a vinte e seis de setembro de mil oitocentos de sessenta e três. Filha natural de Josefa, crioula escrava do mesmo Joaquim de Souza Pinto; foram padrinhos Paulo Antônio de Sampaio e Maria dos Passos de Jesus, aquele africano e esta crioula, ambos forros, solteiros e moradores nesta Freguesia do Corpo Santo.”

3- Livro do século XIX, de 1855 a 1862. Livro de Batizados da Igreja Madre Deus. Livro n.06,  p. 6v, Lab. 932. Medidas: 32x22.  Contém registros de batismos de negros adultos de origem Africana,  que serviam a Marinha, pertencente a Igreja Madre de Deus.

“Aos sete de outubro de 1855 nesta Matriz do Corpo Santo o Reverendo Coadjuntor Antônio Manoel D’Assumpção, batizou e aplicou os Santos Óleos, ao adulto, Jose, africano livre, engajado no Arcenal da Marinha, com vinte anos de idade, foi padrinho João Gonsalves de Macêdo, todos desta freguesia. Doque para constar mandei fazer este assento, que por verdade assignei.”  
“Aos sete de outubro de 1855 nesta Matriz do Corpo Santo o Reverendo Coadjuntor Antônio Manoel D’Assumpção, batizou e aplicou os Santos Óleos, ao adulto, Antonio, africano livre, engajado no Arcenal da Marinha, com vinte anos de idade, foi padrinho João Gonsalves de Macêdo, todos desta freguesia. Doque para constar mandei fazer este assento, que por verdade assignei.”  
“Aos sete de outubro de 1855 nesta Matriz do Corpo Santo o Reverendo Coadjuntor Antônio Manoel D’Assumpção, batizou e aplicou os Santos Óleos, ao adulto, Thiago, africano livre, engajado no Arcenal da Marinha, com vinte anos de idade, foi padrinho João Gonsalves de Macêdo, todos desta freguesia. Doque para constar mandei fazer este assento, que por verdade assignei.”  

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

QUADROS DE ROBERTO PLOEG



ROBERTO PLOEG

Roberto van der Ploeg nasceu em Valkenburg aan de Geul na Holanda em 1955. Ele veio em 1979 para o Brasil no contexto de um estudo de mestrado em Teologia Latino americana. Desde 1982 reside no Nordeste brasileiro. A mudança da teologia para a pintura não foi muito radical para Roberto Ploeg. Segundo ele teologia e arte são de essência metafórica porque as duas procuram apresentar de maneira pessoal, experiências universais em imagens literárias e visuais. Neste sentido o teólogo é um artista da palavra. O caminho pessoal de Ploeg foi da palavra à imagem visual. Ele fez sua formação artística através de vários cursos em instâncias culturais em Olinda e Recife (MAC, Oficina Guaianases, Escolinha da Arte, UFPE, IAC, Fundaj). Após anos de atividades como teólogo da libertação no Nordeste Brasileiro, ele opta em 1995 definitivamente pela arte.

QUADROS DE ROBERTO PLOEG NA EXPOSIÇÃO


Quadro 1: Olinda

Dados técnicos: Óleo sobre tela

Dimensões: 210 x 130 cm

Ano: 1998

Esse quadro faz parte de uma série de pinturas intituladas "Nativos, uma releitura de Eckhout", que foi exposta em 2002 no centro do Recife. Devido à miscigenação Ploeg não pode seguir o esquema étnico e antropológico de Eckhout com seus casais de Tapuios, Tupinambás , Mulatos e Negros. Formou outros casais, de caráter alegórico. Um deles: Olinda e Recife. Duas cidades irmãs que, inclusive, como acontece em família, já arrengavam muito no decorrer dos séculos. São irmãs diferentes. Das colinas e dos manguezais. Este quadro é uma alegoria de Olinda.

Considerações do autor sobre a obra: A gente vê o mar cheio de peixe, pano de fundo de qualquer paisagem olindense, um pé de fruta-pão com a comida, o pão de cada dia, amadurecendo, a figura central de bucho cheio, todo ensolarado, camisa sobre o ombro, ao seu lado um passarinho, uma lavadeira. Lavadeira porque lavou a roupa de Jesus. Por isso não se prende nem se cria em gaiola. É simbolo da liberdade, do grito pela liberdade que ressoa em Olinda até os dias de hoje.
Roberto Ploeg


Quadro 2: Um rei africano em Olinda
Dados técnicos: Óleo sobre tela
Dimensões: 200 x 120 cm
Ano: 2016

O retrato objetiva ressaltar a dignidade, nobreza e orgulho do povo negro, que foi escravizado e reduzido a funções subalternas. Mesmo marginalizados e abandonados nas periferias das grandes cidades são eles os construtores desse país. ou, nas palavras do próprio autor: "São os negros os construtores desse país, os compositores das sua musicalidade, os cozinheiros das comidas bem temperadas, os sacerdotes dos terreiros comunitários e também os Santos, pelo menos alguns, da Igreja Católica. São os constituintes da alma do povo brasileiro" .

Considerações do autor sobre a obra: Nesse quadro está retratado meu amigo Buda, gari de Olinda, que segura sua vassoura assim como um rei africano segura seu cetro. Em 2014 fui convidado para retratar Henrique Dias para compor uma nova galeria de heróis e heroínas da história brasileira, que fica na Câmara dos Deputados em Brasilia. Buda pousou para o quadro. Por trás da figura dele pintei a cena da expulsão dos holandeses no painel de Francisco Brennand que está na Rua das Flores no centro do Recife.
Roberto Ploeg



Quadro 3: Santo Antônio


Quadro 4: São Rei Mago Baltazar

Desenho de Santo Antônio

SÃO BENEDITO DOS MILAGRES

SÃO BENEDITO DOS MILAGRES

São Benedito foi filho de escravos africanos, seu nascimento ocorreu em 1524 na aldeia italiana de São Fratello - Sicília (sendo até os dias atuais muito venerado). Sua devoção tem inicio no Brasil por volta de 1743, antes de ser autorizada pela Igreja (acredita-se que um dos motivos de tamanha devoção seria pelo fato do mesmo ter sido negro e filho de cativos africanos).  Negro e humilde nunca apreendeu a ler, mas foi cozinheiro do convento, despenseiro e posteriormente tornou-se o guardião do mesmo.

Curiosidades: São Benedito é conhecido por seu coração caridoso, sempre ajudando os necessitados, retirando alimentos da dispensa destinados aos próprios frades. No Brasil seus fieis o tratam com extrema intimidade ( muitos se referem ao santo como um amigo e,ou, compadre). foi muito cultuado entre os filhos de escravos. Ainda na contemporaneidade é comum que as donas de casa mais humildes peçam ao santo que nunca lhes falta comida, já entre os fiéis mais abastados é comum que ofereçam-lhe café. 

N O S S A S E N H O R A A P A R E C I D A

N O S S A    S E N H O R A    A P A R E C I D A

Nossa Senhora Aparecida é um ícone da cultura afro-brasileira. Desde o inicio Aparecida identifica-se com o "Brasil negro". Curiosamente as cores originais dessa representação mariana eram as mesmas das imagens de Nossa Senhora da Conceição (padroeira de Portugal). Porém, com o tempo, com o tempo, a peça adquiriu uma coloração cinza-claro e, depois, marrom, pelo fato de ter ficado anos submersa no rio Paraíba. Outro fator que contribuiu, para o escurecimento da imagem, foi a grande quantidade de fumaça exalada pelas velas que os fiéis direcionavam para seu culto.  Frei Clodovis Boff aponto que o escurecimento da imagem foi interpretado como "o batismo brasileiro" de Nossa Senhora sob a cor dominante da época.

Nossa Senhora Aparecida é a padroeira do Brasil. A  imagem, atualmente,  encontra-se na Basilica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida - SP. Sua litúrgica é celebrada em 12 de outubro desde 1980 quando o Papa João Paulo II a consagrou, padroeira  do Brasil. Segundo os relatos, a aparição da imagem ocorreu em outubro de 1717, quando Pedro Miguel, conde de Assumar, estava de passagem pela cidade de Guaratingueta,  O povo decidiu fazer uma festa em homenagem à presença de Dom Pedro de Almeida. Os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, desceram o curso do rio até chegarem ao Porto Itaguaçu. João Alves jogou sua rede, e em vez de peixes, apanhou uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente, apanhou a cabeça da imagem. Após terem recuperado a imagem, a partir desse momento, apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao porto.

Curiosidades: Acredita-se que o primeiro grande milagre, após o da "pesca milagrosa", teria beneficiado, justamente, um escravo. Conta-se que um escravo, esse portando uma imensa corrente ao pescoço, passou diante do santuário e, desejando entrar, pediu a seu senhor que o concedesse acesso. O senhor negou ao escravo o pedido, após a negação o escravo teria implorado a Nossa Senhora Aparecida que, imediatamente, fez com que as correntes que o prendiam se quebrassem e ele viu-se livre.  Nos dias atuais ainda é possível ver as correntes (de aproximadamente 7kg) que são mostradas aos fiéis na "Basílica Velha".  


Fontes: 


ARAÚJO JÚNIOR, I. M. . AS IMAGENS SACRAS E RELIGIOSAS: SIMBOLISMOS E INTERPRETAÇÕES. Revista Aurora 463 , v. 1, p. 152-165, 2017.

ARAÚJO JÚNIOR, I. M. . Imagens que falam: a arte sacra na cultura brasileira. 1. ed. Curitiba: Editora Prismas, 2017. 200p .


BOFF, C. Nossa Senhora e Iemanjá, Maria na cultura brasileira. Petrópolis: Vozes, 1995.


MEGALE, Nilza Botelho. Invocações da Virgem Maria no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001.


MEGALE, Nilza Botelho. O livro de ouro dos santos, vidas e milagres dos santos mais venerados no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001.


PEREIRA, F. R. (Org.) ; FERREIRA, A. (Org.) ; ARAÚJO JÚNIOR, I. M. (Org.) . Museu de arte sacra de Pernambuco. 1. ed. Recife: CEPE EDITORA, 2017. 224p .



NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMES PRETOS



NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS


As Irmandades Negras no Brasil (classificação de todas as irmandades frequentadas e administrada por africanos e descentes) costumam ter, em sua maioria, grande devoção por Nossa Senhora do Rosário. Acredita-se que o motivo inicial para a escolha da virgem, como principal devoção, em grande parte das irmandades espalhadas pelo Brasil, teria ligação com a história de sua devoção, onde a ela é atribuída a libertação de mais de 20 mil cativos, após sua interseção na batalha naval de Lepanto, em 1570, travada contra os turcos. Outro fator que contribuiu para a aceitação dos negros foi o próprio rosário que foi associado ao "rosário de Ifa" um oraculo africano que se utiliza de minkisi - objetos mágicos da cultura afro que acreditava-se fornecer cura aos mais necessitados. 

Curiosidades: Durante as festividades das Irmandades Negras é comum que ocorram as congadas (expressão cultural sincrética que associa elementos de musicalidade, teatralidade e danças que interligam vários elementos da cultural afro-brasileira associando práticas de nativos indígenas, práticas cristãs e africanas). 

As congadas são manifestações culturais negras bastante expressivas. Os grupos se apresentam em forma de cortejo real, incluem danças, cantos e são compostos predominantemente por homens e mulheres negros(as), que se reúnem para louvar seus santos de devoção. As congadas também são chamadas de ternos, guardas, cortes ou bandas e entre os mais tradicionais grupos estão o Moçambique, o Congo, a Marujada, o Candombe, os Caboclinhos, o Catopê e outros.


Fontes: 


ARAÚJO JÚNIOR, I. M. . AS IMAGENS SACRAS E RELIGIOSAS: SIMBOLISMOS E INTERPRETAÇÕES. Revista Aurora 463 , v. 1, p. 152-165, 2017.

ARAÚJO JÚNIOR, I. M. . Imagens que falam: a arte sacra na cultura brasileira. 1. ed. Curitiba: Editora Prismas, 2017. 200p .

BRASILEIRO, Jeremias. Cultura afro-brasileira na escola: o congado na sala de aula.São Paulo: Ícone, 2010.

BOFF, C. Nossa Senhora e Iemanjá, Maria na cultura brasileira. Petrópolis: Vozes, 1995.

MEGALE, Nilza Botelho. Invocações da Virgem Maria no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001.

MEGALE, Nilza Botelho. O livro de ouro dos santos, vidas e milagres dos santos mais venerados no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001.

PEREIRA, F. R. (Org.) ; FERREIRA, A. (Org.) ; ARAÚJO JÚNIOR, I. M. (Org.) . Museu de arte sacra de Pernambuco. 1. ed. Recife: CEPE EDITORA, 2017. 224p .

SIMÃO, Maristela dos Santos. As irmandades de Nossa Senhora do Rosário e os africanos no Brasil do século XVIII. 2010. Tese de Doutorado.








SANTA EFIGÊNIA


Santa Efigênia

Foi uma princesa núbia, primeira mulher africana a se tornar Santa, no início do cristianismo, sendo responsável pela difusão do cristianismo na Etiópia, país da África. Santa Efigênia (ou Ifigênia) é festejada no dia 21 de setembro, juntamente com São Mateus evangelista, responsável pela sua conversão ao cristianismo.

Curiosidades: Era uma das devoções mais importantes entre os cativos africanos, varias irmandades foram fundadas, tendo a Santa como principal devoção, e nelas existia a caixa social que objetivava o resgate dos escravos associados.

Iconográfica: Geralmente a Santa é representada de pé e vestida de freira com um véu longo cobrindo sua cabeça. Leva na mão direita uma cruz e na esquerda uma representação de um convento. A história conta que o rei Hirtaco teria mandado incendiar o convento após a recusa da santa em se casar com ele (por ter feito votos de castidade), porém Santa Efigênia rezou com tanta fé que o mosteiro foi salvo das chamas. 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

SÃO FELIPE

SÃO FELIPE


Características da escultura:  Escultura de 140 x 80 x 53 cm feita em madeira policromada datada do século XVIII. Pertence ao acervo da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Recife.